Transa Gramatical
Este texto já foi atribuído ao Luís  Fernando Veríssimo, ao Mário Prata e a muitos outros autores. Confesso  que não sei quem é o autor, mas recebi-o por e-mail de um dos grupos de  trocas de mensagens do Google. Repasso como recebi.
Redação feita por uma aluna do  curso de Letras, da UFPE Universidade Federal de Pernambuco - (Recife),  que venceu um concurso interno promovido pelo professor titular da  cadeira de Gramática Portuguesa. 
Redação: 
Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. 
Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. 
E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um  maravilhoso predicado nominal. 
Era  ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito  oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e  filmes ortográficos.
O  substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem  ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se  insinuar, a perguntar, a conversar. 
O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice.. 
De  repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o    substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos.
Pouco  tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador  recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e para  justamente no andar do substantivo.
Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto. 
Ligou  o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética  clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e  um hiato com gelo para ela.
Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar. 
Ela  foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente  chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar  num transitivo direto. 
Começaram  a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo  crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um  período simples passaria entre os dois. 
Estavam  nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não  perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo.
É  claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente  oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros. 
Ela  totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias,  parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns  minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia  tomando conta.
Estavam  na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um  perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do  seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.
Nisso a porta abriu repentinamente.
Era  o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando  conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente,  cheios de preposições, locuções e exclamativas.
Mas  ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor,  subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu  particípio na história.   
Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício. 
O  verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que  loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo  absoluto.
Foi se aproximando dos  dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito  apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando  o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma  mesóclise-a-trois. 
Só que as  condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria  ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no  artigo feminino. 
O substantivo,  vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa,  pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história:  agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e  voltou ao seu  trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o  artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.














































